Sobre
Bento Pires
Nasci em Malhadas, em 1947. Como era o mais velho de quatro irmãos, saí da escola aos 12 anos para ajudar os meus pais na lavoura. Fiz os primeiros meses da tropa em Portugal, mas depois fui para a Guiné, para um quartel de onde pensei que nunca iria sair, de tão perigoso que era. Mas, felizmente, 25 meses depois voltei para casa. Estive 15 dias em Malhadas e emigrei para França, onde estive mais de um ano e meio sem conseguir vir a Portugal. Numa das vezes em que vim, casei e levei a minha mulher para França comigo. Estivemos lá 20 anos. Só voltámos de vez quando o nosso único filho, que nessa altura vivia em Portugal com a nossa família, nos disse que gostava que conseguíssemos viver todos juntos cá, antes de ele ir para a faculdade.
“Enquanto puder, hei-de ter animais por perto. Acho que só me deixo disso quando for para o cemitério.”
Como toda a minha vida foi ligada à lavoura, quando cheguei a Portugal comprei vacas para criar. Por problemas de saúde meus e da minha mulher, acabámos por vender as vacas e comprámos ovelhas mirandesas. Começámos por ter 9 ou 10, juntamente com duas burras, mas rapidamente comprámos 250. Gosto desta raça porque é mais bonita e, dizem, tem a carne mais gostosa. Eu não sei, porque não as como.
No inverno, o meu dia é passado de volta das ovelhas. Levo-as para os lameiros e ao fim da tarde trago-as de volta ao estábulo. No tempo da lavoura, como tenho que lavrar, adubar a terra e cuidar da vinha, é a minha mulher que as leva a pastar para um lameiro aqui perto. No verão, começamos o dia mais cedo, para fugir ao calor.
No inverno, o meu dia é passado de volta das ovelhas. Levo-as para os lameiros e ao fim da tarde trago-as de volta ao estábulo. No tempo da lavoura, como tenho que lavrar, adubar a terra e cuidar da vinha, é a minha mulher que as leva a pastar para um lameiro aqui perto. No verão, começamos o dia mais cedo, para fugir ao calor.
A Ilda é a minha mulher e companheira de trabalho. Adora cantar. É assim que anima os dias. Aprendeu a fiar depois de a mãe falecer e era ela quem fazia as meias e as camisolas para o pai e os irmãos. As meias de lã de ovelha eram as preferidas do seu pai, de inverno e de verão, porque não faziam transpirar os pés.
Gosto muito dos concursos da raça destas ovelhas e, por isso, há muito tempo que concorro com os meus animais. Por causa disso, já fiquei várias vezes em primeiro lugar. Houve um ano em que conquistei o primeiro prémio em três das quatro categorias existentes.
Enquanto puder, hei-de ter animais por perto. Acho que só me deixo disso quando for para o cemitério.
Gosto muito dos concursos da raça destas ovelhas e, por isso, há muito tempo que concorro com os meus animais. Por causa disso, já fiquei várias vezes em primeiro lugar. Houve um ano em que conquistei o primeiro prémio em três das quatro categorias existentes.
Enquanto puder, hei-de ter animais por perto. Acho que só me deixo disso quando for para o cemitério.